quinta-feira, 6 de novembro de 2014

o dia em que tudo começou a mudar

Vou contar um pouco sobre o que minha filha teve.
Dia 27 de agosto de 2014 ela acordou no mesmo lugar que eu havia a colocado para dormir no berço. Isso era muitos estranho pois nessa fase (8 meses) ela percorria o berço todo. Ao pegá-la, suas perninhas estavam moles. Coloquei ela sentada no meu colo para dar a mamadeira e percebi que o corpinho estava mole também. Corri para o pronto socorro.
Chegando lá ela estava muito mal da respiração, uma respiração descompassada. Muitos médicos entraram para avaliá-la. Foram diversos exames. Até que no meio da tarde tiraram liquor e verificaram que algo estava muito estranho. E não era meningite. Algo estava bloqueando a circulação do liquor em volta da medula. Minha filha foi encaminhada para a UTI e lá um neurologista veio conversar conosco que ela precisava de uma ressonância magnética urgente. Devido problemas burocráticos do hospital, demorou muito e fizeram a tomografia antes. Enquanto ela estava no exame, eu estava desesperada e chorando muito. Um rapaz no elevador procurou me acalmar e perguntou o que estava acontecendo. Expliquei e ele perguntou se minha filha era a Ana Paula. Me espantei e ele se apresentou como o neurocirurgião que provavelmente a operária!
NEUROCIRURGIÃO???? Caí em desespero. Por pior que fosse, não tinha sequer imaginado que talvez ela tivesse que passar por uma cirurgia. O resultado da tomo e ressonancia (que ela fez logo em seguida) foi que havia algo, uma massa, comprimindo a medula dela na região torácica! Poderia ser um tumor!
Nunca imaginei passar tamanho desespero na minha vida. Olhar para minha pequenininha ali, indefesa, sem entender o que estava acontecendo, sofrendo, sem seus movimentos... E correndo sérios riscos. Ali eu senti na pele o que é impotência! Eu e o pai nada podíamos fazer que não nos unirmos em oração. 
Às 2 da madrugada a gente deixava nossa filha entrar no centro cirúrgico com o neurocirurgião (um anjo que apareceu naquele elevador), e a anestesista (outro anjo em nossa vida, que falarei em um futuro post).
Ficamos na sala de espera que estava ainda mais fria, pois naquela madrugada a temperatura caiu muito e estávamos com a mesma roupa que saímos de manha de casa. 
Foram as piores horas da minha vida. O tempo não passava, o cansaço nos consumia e quando eu dormia um pouco sonhava que ela havia morrido.... Terrível de lembrar.
Perto das 6 h da manhã os dois neurocirurgias que a operaram saíram e nos disseram que a cirurgia foi tudo bem e o que estava comprimindo a medula dela era um hematoma extradural (sangue).

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Muito prazer

São tantas palavras que perambulam pela minha mente que as vezes canso só de tentar organizá-las.
Nada melhor do que colocar para fora e escrever!
É uma forma de alívio, de divulgar, compartilhar e receber. Receber sim, pois quando há troca, sempre há algo a receber...

Sou Fernanda Cristina Teixeira, tenho 33 anos. Fisioterapeuta há 11 anos e mãe há quase 11 meses.
Tive uma vida de privilégios por ter uma pai e uma mãe sensacionais! Minha mãe tem Esclerose Múltipla desde que eu tinha 4 anos. Teve uma evolução rápida da doença, do ponto de vista motor. Foi para cadeira de rodas quando eu tinha 7 anos. Meu pai sempre foi um guerreiro, um homem perfeito! Marido sensacional, pai incrível, amigo, ótimo profissional. Aprendi muito por conviver com a deficiência física de perto. Aprendi a enxergar a vida de outra forma, a valorizar o movimento, a acessibilidade, os recursos físicos. Aprendi o quanto uma pessoa pode ser grande e forte por dentro e a capacidade do indivíduo de se adaptar a toda condição de vida.
E por essa vivência escolhi ser fisioterapeuta. Queria estar de perto, ajudando e reabilitando. Fazendo a diferença na vida das pessoas. Permitindo a reinserção, a qualidade de vida.
Trabalho especificamente com lesões neurológicas.

Sou "casada" com um homem maravilhoso, que me completa, alimenta meus sonhos, minha alma e cuida de mim! No dia 08/12/13 nasceu o fruto do nosso amor, nossa doce Ana Paula.
Mergulhei de cabeça e sem equipamentos nessa nova e maravilhosa fase da vida: ser mãe!
Juro que tentei me prepara de tudo quanto é forma para a chegada de minha filha. Li, reli, fucei blogs, entrevistas, revistas, livros, enfim... Mas isso tudo não fez nem cócegas na imensidão que seria essa nova fase.

Vou contando aos poucos sobre como chegamos nesses 11 meses, mas o motivo real de criar essa página é expor e compartilhar um novo desafio que estamos enfrentado, e, quem sabe, receber apoio e luz para nossos caminhos. Há dois meses nossa filha deixou de movimentar e sentir do meio do tronco para baixo após ser acometida por um hematoma extradural na coluna, que comprimiu sua medula, gerando um quadro motor de lesão medular. Explorarei esse assunto em outro post.

Obrigada pela visita!

Beijos